Aconselhamento para a prática de atividade física como estratégia de educação à saúde
Por Chico Damaso**
Com o intuito de verificar o impacto do aconselhamento educativo à saúde relacionado à atividade física entre usuários de Unidades Básicas de Saúde (UBS), pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidade Católica de Pelotas, encabeçados pelo fisioterapeuta Fernando Vinholes Siqueira, doutor em Atividade Física e Saúde, que coordenou o trabalho de campo do estudo, verificaram alguns fatores associados por meio de um estudo envolvendo as populações do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na Região Sul; e Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí na Região Nordeste do Brasil.
De acordo com os autores, o aconselhamento à prática de atividade física nas unidades básicas de saúde é extremamente importante frente às necessidades destes indivíduos. “É necessário melhorar a participação dos profissionais das diferentes áreas do conhecimento na condução de aconselhamentos em saúde”, sugerem os autores.
Na conclusão, ainda afirmam que o estímulo deve também ser incluído em outras áreas, como promoção de alimentação, nutrição, saneamento e planejamento familiar. Também sugerem que haja a participação de profissionais com conhecimento específico na área da atividade física, como o educador físico, como estratégia de qualificar o grupo profissional da unidade básica de saúde e a orientação educativa.
O estudo
A partir da pergunta "Alguma vez na vida, em uma consulta neste posto de saúde, algum médico lhe disse que o(a) sr.(a) deveria fazer exercícios para melhorar a sua saúde?" uma pesquisa foi realizada em amostra aleatória de mais de 4 mil indivíduos adultos, e outros 4 mil idosos, moradores em áreas de abrangência de unidades de saúde, em 41 municípios do país, a fim de determinar a prevalência do aconselhamento relacionado à atividade física. O resultado foi que a prática foi utilizada em 28,9% dos adultos, e 38,9% dos idosos, com o objetivo de promover estilo de vida mais saudável, reduzindo consideravelmente as consequências devastadoras de um estilo de vida sedentário para a saúde.
A prevalência do aconselhamento à prática de atividade física nas unidades básicas de saúde mostrou-se baixa para ambos os grupos, independentemente da região ou do modelo de assistência. “Especialmente se considerarmos que as unidades básicas de saúde devem ser porta de entrada do sistema de saúde, nestes locais deveria existir uma ação integrada entre as diversas áreas de conhecimento da saúde, no sentido de beneficiar a população e promover mudanças significativas em direção a um estilo de vida saudável. Nosso achado sobre a orientação para atividade física é inferior ao observado nos Estados Unidos por Eden et al., que mostraram que 42% dos adultos que consultaram em uma unidade de cuidados primários à saúde foram aconselhados a mudar seu comportamento no sentido de aumentarem seus níveis de atividade física”, afirma o estudo.
Um fato chamou a atenção dos pesquisadores: o maior aconselhamento educativo às pessoas idosas. Uma das hipóteses levantadas é que assim como o Brasil passa por um período de transição demográfica e epidemiológica, os idosos vêm sendo mais aconselhados sobre a necessidade de se manterem ativos e a realizar atividade física como uma estratégia de manutenção e prevenção da saúde. “O resultado pode ser explicado pela maior exposição, visto que os idosos, por terem mais idade, têm mais tempo de vida e, consequentemente, maior possibilidade para receberem aconselhamento. Outra possibilidade seria um maior uso de serviços de saúde”.
Importância da atividade física
Práticas saudáveis, como as atividades físicas realizadas regularmente, trazem comprovadamente benefícios à população. No entanto, o estudo verificou que não apenas a mudança de estilo de vida, mas até mesmo incorporar mudanças à rotina do atendimento à população, como a inserção de práticas educativas para a saúde por meio do diálogo é muito difícil.
Na atenção primária à saúde, as ações chamadas de "curativas", que incluem diagnóstico e tratamento, ocupam boa parte do tempo dos profissionais de saúde. Ainda assim, é de suma importância que atividades educativas, como orientar sobre a realização de atividade física, são fundamentais para a difusão de comportamentos saudáveis para a população.
Estudos já demonstraram a importância da participação do profissional de saúde na educação e estímulo às mudanças de comportamento nas pessoas. Entretanto, no Brasil, ainda é escasso o conhecimento sobre a orientação de atividade física como estratégia de educação à saúde na rede básica. O estudo realizado no Sul do país cita as conclusões de Borjesson & Dahlof, referindo que a atividade física é muito pouco utilizada no cuidado à saúde, na prevenção e no tratamento, principalmente de algumas morbidades como a hipertensão, em que o efeito da atividade física na redução da pressão arterial é similar ao da terapia farmacológica.
Autor do texto: Chico Damaso** - Jornalista chefe do Site Nutritotal - É Formado em Jornalismo pela Universidade Casper Líbero.
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