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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

ੴ Notícia importante para portadores da Doença de Crohn!!!

O tipo de dieta pode influenciar pacientes com doenças inflamatórias intestinais?

Por Letícia De Nardi Campos**

Diversos estudos apontam que sim, que a dieta e hábitos alimentares, além da genética, podem influenciar no andamento e agravamento das doenças inflamatórias intestinais (DII) como a doença de Crohn e a colite ulcerativa. O tipo e a quantidade de gordura ingerida são os grandes influenciadores.

As gorduras do tipo poliinsaturadas, ou ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), participam do processo inflamatório desencadeando efeitos imunomoduladores distintos, de acordo com o seu tipo. Estes efeitos imunomoduladores, por sua vez, podem influenciar diretamente no processo inflamatório das DII.

AGPI do tipo ômega-3 produzem mediadores lipídicos chamados eicosanóides com potencial de diminuir/inibir o efeito das citocinas pró-inflamatórias. Desta maneira, tem sido proposto que a suplementação ou ingestão adequada deste tipo de AGPI pode beneficiar pessoas com doenças inflamatórias crônicas, como as DII, visto que, em nível celular, as DII se caracterizam por elevada concentração de citocina IL-1 e eicosanóides pró-inflamatórios do tipo leucotrienos B4.

Pacientes com DII, especialmente aqueles com doença de Crohn, devido à natureza crônica da doença, assim como sua inconveniência, custos e efeitos colaterais do tratamento, procuram opções alternativas no auxílio ao tratamento. O suplemento nutricional a base de óleo de peixe, rico em AGPI ômega-3, é um deles.

Estudos que examinaram o perfil de ácidos graxos mostraram menores níveis séricos de AGPI nos pacientes com DII e uma deficiência específica de AGPI ômega-3 em pacientes com doença de Crohn.

MacLean e colaboradores realizaram uma revisão sistemática sobre o uso de AGPI ômega-3 em diversos parâmetros clínicos de pacientes com DII. Os autores encontraram uma redução significativa da necessidade de terapia com corticosteróides no grupo de pacientes com uso de AGPI ômega-3. No entanto, não encontraram efeito sobre o período de remissão da doença.

Estudo clássico conduzido por Belluzzi e colaboradores, publicado no The New England Journal of Medicine, encontrou efeitos positivos significativos e entusiasmadores sobre o uso de óleo de peixe em portadores de doença de Crohn. Após uso de 2,7g de AGPI ômega-3/dia durante um ano, o índice de remissão da doença foi de 59%, enquanto que nos pacientes que receberam placebo, a remissão foi de somente 26% (p=0,003).

Resultado distinto foi encontrado em estudo publicado em abril deste ano na Revista da Associação Médica Americana (JAMA). Este estudo, chamado de EPIC (Epanova Program in Crohn's Study), avaliou o uso da suplementação de 4g/óleo de peixe/dia ou placebo, em pacientes portadores de doença de Crohn durante 58 semanas. Nenhum efeito foi observado com o uso de AGPI ômega-3.

Vale acrescentar um dado muito interessante em relação a estes dois estudos: o tipo de cápsula utilizada no suplemento. No primeiro, cujos efeitos da suplementação com óleo de peixe foram benéficos, a cápsula era revestida de material resistente aos ácidos gástricos durante 60 minutos. Este fato permitia sua desintegração e entrega de AGPI ômega-3 diretamente no intestino delgado. Já no segundo estudo, com resultados nulos, a cápsula era feita de gelatina, que é rapidamente corrompida pela acidez gástrica.

Desta maneira, ao observar este detalhe, o uso de AGPI ômega-3 em doença de Crohn parece promissor. Revisão sistemática publicada pelo Instituto Cochrane corrobora com estes achados. Esta revisão concluiu que o ômega-3 pode ser efetivo na manutenção da remissão da doença de Crohn, quando usado em cápsulas revestidas e resistentes aos ácidos gástricos.

Para finalizar, é importante acrescentar que, dentre as gorduras, somente o maior consumo de um tipo específico, o ômega-3, pode auxiliar nas DII. Uma dieta rica em gorduras totais está relacionada à maior incidência de DII.

Autora do texto: Letícia De Nardi Campos** - É nutricionista do Ganep Nutrição Humana. Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Gastroenterologia da FMUSP. Pesquisadora do Laboratório de Metabologia e Nutrição em Cirurgia (METANUTRI - LIM 35 - FMUSP). Especialista em Nutrição Clínica pelo GANEP.

Fonte do texto: Nutritotal. Acesse o site clicando no link – www.nutritotal.com.br

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