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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cai o índice de desnutrição no Brasil!!!

Pesquisa do Ministério da Saúde revela queda de 50% na desnutrição infantil no país

Por Chico Damaso**

Os resultados apresentados pelo Ministério da Saúde da mais recente Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS-2006) são em boa parte animadores. Em sua terceira edição, a PNDS foi realizada por meio de entrevistas domiciliares para traçar um perfil da população feminina em idade fértil e das crianças menores de cinco anos no Brasil. Foram incluídas mensurações antropométricas, que medem altura e peso; e análises laboratoriais de amostras de sangue, para dosagens de vitamina A e hemoglobina, e do teor de iodo disponível no sal consumido pelas famílias.

Foram cerca de 15.000 mulheres de 15 a 49 anos de idade e aproximadamente 5.000 crianças menores de 5 anos, residentes nas cinco macroregiões, incluindo regiões urbana e rural.

O objetivo do PNDS é analisar a fecundidade e intenções reprodutivas; a atividade sexual e anticoncepção; a assistência à gestação e ao parto; a morbidade feminina e o estado nutricional das crianças.

Nesta edição, três novos temas foram acrescentados ao projeto inicial: acesso a medicamentos, a micronutrientes e segurança alimentar nos domicílios. Este último corresponde ao acesso à alimentação em quantidade suficiente e qualidade adequada.
  • Desnutrição
A prevalência da desnutrição entre as crianças avaliadas, dimensionada pela proporção de crianças com déficit de crescimento, caiu quase pela metade: de 13% para 7%. O problema foi mais freqüente na região Norte (15%), seguida da região Sul (8%). Nas demais, foi observada pequena variação (6% nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste). Vale registrar que na região Nordeste, a redução dos índices foi bastante evidente, chegando a 67% (de 22,1% para 5,9%).

A reduzida exposição da população à desnutrição é confirmada pela queda na prevalência de déficit de peso para altura, que foi de 3% em 1996 para 2% em 2006.
Déficits de peso em relação à altura superiores a 2 ou 3%, que são indicativos de casos agudos de desnutrição, foram encontrados em média em 1,5% das crianças, não ultrapassando 2% em qualquer região.
  • Sobrepeso
Enquanto observou-se queda na desnutrição, outro fenômeno torna-se cada vez mais prevalente no país, assim como acontece em todo o mundo.

O excesso de peso em relação à altura foi encontrado em 7% das crianças, variando de 6% na região Norte a 9% na região Sul. Ou seja, pode-se dizer que em todas as regiões do Brasil observa-se exposição moderada à obesidade infantil.

Os dados estão relacionados ao grau de instrução das mães, pois há aumento da exposição à obesidade à medida que aumenta a escolaridade da mãe.
  • Vitamina A
No que se refere à suplementação de vitamina A, medida nos seis meses anteriores à pesquisa, o estudo revelou que a cobertura foi de 48% em crianças de 6 a 59 meses no Nordeste, que é a região alvo do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A. Quanto à suplementação de ferro, medida no mesmo período, a cobertura nacional em crianças de 6 a 23 meses foi da ordem de 42%.
  • Iodo
Em 96% dos domicílios avaliados faziam uso de sal iodado, com pequenas diferenças entre as áreas urbanas (96%) e rurais (94%). A ausência de sal iodado foi maior nos domicílios rurais (5%) e na região Norte (3%).
  • Aleitamento Materno
O aleitamento materno é um item que ainda está muito longe do ideal. Ao contrário do que preconiza a Sociedade Brasileira de Pediatria, as crianças brasileiras não têm sido amamentadas até os dois anos de idade, nem vem recebendo o leite materno exclusivamente até os seis meses. Das crianças participantes do estudo, 23% estavam completamente desmamadas até os 3 meses e 33% até 6 meses.

Segundo o PNDS, mesmo que 96% das crianças menores de 5 anos de idade tenham sido amamentadas em algum momento de suas vidas, o aleitamento materno exclusivo entre crianças de 0 a 3 meses foi oferecido a apenas 45% das crianças, que é discretamente maior que o índice encontrado em 1996 (40%). Dos 4 aos 6 meses, o aleitamento exclusivo caiu para 11%.

O aleitamento materno acrescido de outras formas de alimentação foi a opção de mães de 32% dos bebês de 0 a 3 meses e 56% entre 4 a 6 meses.
  • Morbidade e Mortalidade
Com relação à morbidade recente (15 dias anteriores à entrevista) em crianças menores de cinco anos, observou-se um declínio na prevalência de diarréia e de tosse.

A prevalência de diarréia foi de 14% em 1996 e de 9% em 2006. Esse declínio assume maior significado levando-se em conta que a coleta de dados da PNDS 2006 foi realizada durante o verão (novembro de 2006 a março de 2007). O recurso à reidratação oral manteve-se praticamente constante no período, em torno de 57%. Alterou-se, entretanto, o tipo de produto administrado às crianças com diarréia. Em 1996, 44% receberam SRO (sais para reidratação oral) e 16% receberam o soro caseiro, situação que se inverteu em 2006 (19% e 37%, respectivamente). Em aproximadamente 40% dos quadros diarréicos, houve procura do serviço de saúde, com obtenção de atendimento em 84% dos casos.

No que se refere às infecções respiratórias agudas, a tosse acometeu 35% das crianças em 2006, em comparação a 47% (tosse e respiração rápida) em 1996.

Aproximadamente 50% do total das crianças que apresentaram pelo menos um desses dois sintomas receberam algum tipo de atendimento nos serviços de saúde, sendo maior a proporção entre filhos de mulheres de maior escolaridade, brancas e residentes na região Sul do país.

Com relação à mortalidade infantil, houve uma redução de 44% entre 1996 e 2006, a qual passou de 39 para 22 por mil nascidos vivos. Em 2006, as estimativas de mortalidade infantil apresentaram diferenciais por situação de residência (rural-28 e urbano-21 por mil nascidos vivos), cor da pele (negras-25 e brancas-20 por mil nascidos vivos) e anos de estudo da mãe (até 4 anos-29 e 8 ou mais – 19 por mil nascidos vivos).
  • Segurança Alimentar
Com relação ao acesso à alimentação em quantidade suficiente e qualidade percebida como adequada, denominada segurança alimentar, o estudo mostrou que tanto em termos quantitativo como qualitativo, o acesso aos alimentos é desigual entre as regiões do país; situação urbano-rural; escolaridade da pessoa de referência do domicílio e cor da mulher entrevistada.

A segurança alimentar esteve presente, em média, em 62% dos domicílios pesquisados, variando de 75% nos domicílios da região Sul e 45% na região Nordeste.

Dados alarmantes foram observados em quase 5% dos domicílios, ou seja, seus moradores tiveram restrição quantitativa importante em sua alimentação nos três meses que antecederam a pesquisa. As prevalências mais altas foram notadas no Norte (13%) e Nordeste (7%).

Chico Damaso** - Jornalista chefe do Site Nutritotal - É especialista em jornalismo nas áreas de saúde e medicina. Formado em jornalismo há 20 anos pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero.

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