Estudo identifica uma das possíveis causas para o câncer de fígado
Autor do texto: Chico Damaso – Jornalista chefe do Site Nutritotal
O tumor de fígado e das vias biliares ocupa no Brasil a sétima posição entre os diversos tipos de cânceres. Em 1999, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o mal foi responsável por 4.682 mortes. Algumas delas podem ter sido causadas pela contaminação de nozes ou amendoins. Esta é a revelação de recente pesquisa publicada na última quinta-feira, 22 de outubro, na revista Nature.
Pesquisadores norte-americanos descobriram que uma substância tóxica denominada aflatoxina pode ser produzida por alguns tipos de fungos em sementes oleosas e levar ao câncer se ingerida em grandes quantidades.
O estudo detalhou o processo pelo qual ocorre esse papel cancerígeno, apontando a interferência no metabolismo, comprometendo a imunidade e causando grave desnutrição, tornando o indivíduo mais suscetível ao câncer. Isso tudo a partir da destruição do gene p53, que atua na prevenção de câncer em humanos.
Outro foco de Shiou-Chuan Tsai e colegas das Universidades da Califórnia em Irvine (UCI) e Johns Hopkins era descobrir a razão pela qual a toxina começava a se desenvolver. Com sucesso, eles verificaram que a proteína PT é fundamental para que os fungos produzam a aflatoxina. Esse conhecimento é fundamental para se buscar inibir a produção da aflotoxina pelos fungos por meio das drogas e, assim, reduzir a incidência do câncer hepático.
Eliminar a proteína é uma alternativa mais eficiente e vai de encontro com as técnicas tradicionais de destruir o fungo para a descontaminação, que é um processo caro.
Incidência mundial
A aflatoxina pode causar necrose aguda, cirrose e carcinoma de fígado em diversas espécies animais. Seu efeito já pode ser observado em estudos epidemiológicos na África e no sudeste da Ásia, onde há grande incidência de hepatocarcinomas. A associação entre a incidência de câncer e a aflatoxina contida na dieta é, portanto, mais evidente em países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, esta contaminação é rara.
As razões para esta distribuição geográfica também são apontadas no estudo, que faz um alerta para a legislação insuficiente nestas localidades. De acordo com os autores, cerca de 4,5 bilhões de pessoas em países em desenvolvimento estão criticamente expostas a alimentos com grandes quantidades de aflatoxina, em alguns casos centenas de vezes as quantidades consideradas seguras.
Um exemplo é o aumento dos risos para o desenvolvimento de câncer de fígado em cerca de 60 vezes em países como China, Vietnã e África do Sul, causada pela combinação de aflatoxina com a exposição ao vírus da hepatite B.
Embora a contaminação de alimentos por essa toxina seja considerada inevitável até mesmo pelo Food & Drug Administration do governo norte-americano, há limites toleráveis que devem ser obedecidos sob a pena de colocar em risco a saúde pública.
No Brasil, a aflatoxina pode ser identificada mais comumente no milho, amendoim, sementes de algodão, leite, nozes, pistache, pecans, entre outros.
Para evitar problemas causados pela ingestão excessiva da aflotoxina, é importante a fiscalização de leites, grãos e seus derivados, observando-se as quantidades máximas permitidas para cada grupo de alimentos. E pelo fato do armazenamento e estocagem por longos períodos, especificamente no caso dos grãos, favorecer a proliferação dos fungos, é muito importante verificar sempre os prazos de validade antes do consumo.
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